Milly Lacombe

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Alta executiva da Meta publica livro brutal sobre os segredos da empresa

Sarah Wynn-Williams trabalhava com Mark Zuckerberg e com sua CEO, a ícone do feminismo liberal, Sheryl Sandberg. Estava com eles em viagens feitas dentro de jatos privados, cantou com eles em karaokês, deu conselhos, e, entre muitas bizarrices, recusou um convite - dois, na verdade - para se deitar na cama com Sandberg. Em 2017, Williams se desligou da Meta e agora publicou um livro que, para ficar em palavras muito sutis, teria a capacidade de colocar a empresa no chão fosse esse um mundo democrático.

O livro de memórias de Williams é narrado como se fosse um filme de ação que, embora bastante longo, passa rápido. Nele, chegamos perto de entender como o poder funciona: como um menino pirracento de 15 anos.

Zuckerberg e as principais lideranças masculinas do mundo podem ser vistos tramando, em encontros juvenis, o futuro da humanidade. Um trecho sobre Dilma Rousseff deveria orgulhar todos os brasileiros e brasileiras. Dilma é descrita como uma liderança sensata e firme que não se curvou aos apelos da Meta para flexibilizar direitos e colocar a população em risco ainda mais real e imediato.

São muitas revelações absolutamente inacreditáveis e cheias de detalhes feitas pela ex-funcionária. Os modos como o Facebook entrou na China, os acordos com empresários e governo chineses, as formas como a publicidade é usada pela Meta. Tudo no nível do asqueroso e do criminoso. Williams detalha como as ferramentas do Facebook conseguiriam monitorar adolescentes inseguras - que estão apagando selfies e reclamando a respeito de seus corpos para amigas - para bombardeá-las com anúncios de produtos de beleza e de clínicas de emagrecimento.

Pelas alegações de Williams, a história do Facebook - hoje Meta - foi sendo traçada ao longo do caminho. De uma empresa ingênua que visava conectar pessoas e mudar o mundo para melhor até uma corporação sem limites éticos que usa seu banco de dados com finalidades políticas e que quer crescer sem se preocupar com os destroços que deixará. Uma saga bastante capitalista, verdade, mas protagonizada por uma empresa cujo tipo de poder é inédito na história do mundo.

Como foi lançado recentemente, o livro ainda não tem tradução para o português. Em Inglês se chama "Careless People", ou "Pessoas Descuidadas", em tradução livre. Ler a obra é ter a certeza de que a Meta não age por descuido, mas por planejamento. Se houver algum futuro para nossa espécie, Zuckerberg e seu time serão colocados em contexto. Ao lado de Trump, Musk e de tantos outros bilionários atuando para nos destruir.

Williams foi demitida em 2017. Depois de denunciar internamente o braço direito de Zuckerberg, Joel Kaplan, por assédio sexual. Recentemente, Kaplan foi promovido e ganhou ainda mais poder dentro da Meta.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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