Bebê reborn em 'Vale Tudo': vale tudo para ser assunto nas redes sociais?

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Sempre defendi que remake de novela precisa manter o espírito da obra original, mas deve ser uma história diferente, que consiga dialogar com os tempos contemporâneos e que faça um novo retrato da sociedade.
Uma das principais críticas que a nova versão de "Vale Tudo" sofre se refere ao distanciamento da trama atual em relação ao que foi criado e desenvolvido por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères em 1988. Entendo quem queira ver a história tal qual ela foi produzida no passado, mas uma simples modernização do texto original não daria conta de abarcar as complexidades dos dias de hoje.
Por mais que acredite que novas tramas devem ser desenvolvidas e que os personagens tomem rumos mais coerentes com as questões sociais que vivemos hoje, há algumas mudanças em "Vale Tudo" que soam desnecessárias. O exemplo mais recente disso foi a inclusão de um bebê reborn na vida de Aldeíde (Karine Teles).
A impressão que fica é que enxertar um bebê reborn em "Vale Tudo" não passou de uma espécie de 'clickbait' (isca de cliques) para que a novela virasse assunto nas redes sociais. Afinal, essa subtrama não fez qualquer diferença no desenvolvimento da personagem, não disparou nenhum conflito relevante, nem ecoou a ideia governante que pauta a história de Vale Tudo: vale a pena ser honesto do Brasil?
Dialogar com a sociedade contemporânea tem mais a ver com captar tendências consolidadas de comportamento do que retratar modinhas alimentadas pela internet, que, em poucas semanas, darão lugar a outra bizarrice. Ceder ao assunto viral do momento só fará com a nova versão de "Vale Tudo" soe datada. A novela tem universo instigante e rico o bastante para não apelar para esse tipo de artifício banal e desinteressante.
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